Além das habilidades técnicas, qualquer função exige habilidades comportamentais. Na minha vivência como PO, percebi que algumas habilidades são muito exigidas nas tarefas cotidianas. Segue as 6 que considero principais:
Organização
O PO tem o desafio de transformar o mundo real – abstrato, confuso e incerto – em algo concreto. As ideias que habitam a cabeça dos stackeholders devem se materializar em pequenas histórias, permitindo a estimativa e priorização. Desta forma, monta-se o roadmap e backlog.
O trabalho do PO não termina por aí. O mundo real não é um cachorro que você deixa na coleira, vai embora e ele continua lá. Ele é mais parecido com o cachorro Marley, do filme Marley e Eu, que deixa a casa em um estado irreconhecível quando os donos chegam à noite. Se o PO esquecer o backlog por muito tempo, provavelmente ele estará irreconhecível quando for revisitá-lo.
Por isso, o PO deve ter a disciplina de sempre manter seus artefatos arrumados. Isto requer organização.
Negociação
Nem sempre os stackeholders concordam sobre tudo, na verdade o mais provável é que discordem. Não é de se espantar que o interesse do seu chefe, dos investidores, do time de desenvolvimento, dos clientes e dos usuários sejam conflitantes. O PO é a pessoa que entende todos os interesses e tenta chegar ao melhor rumo para o produto.
Depois que o PO analisa todos os pontos de vista e chega a uma definição, ele precisa de habilidade para negociar com as diferentes partes. A discussão pode girar em torno do que deve ser feito, de quando vai ser entregue ou de quanto vai custar.
Ter sucesso em uma negociação não necessariamente é levar a maior vantagem possível, mas chegar ao bem comum, garantindo seus interesses. A palavra chave para o sucesso em negociações é preparação. Se você estiver seguro dos motivos de sua posição, entender o lado de seu interlocutor e saber até onde é possível ceder, provavelmente se sairá bem.
Empatia
Antes de definir os rumos do produto e até os detalhes de seu funcionamento, é preciso entender se as necessidades dos stackeholders estão sendo satisfeitas, principalmente as dos usuários. Para isso, é preciso ter empatia, conseguir se colocar no lugar do outro e entender o que é necessário e o que é supérfluo.
Uma dica é beber na fonte do Design Thinking, que é certeiro na prática da empatia.
Comunicação
Isto é o que o PO mais faz em sua função. Ele deve garantir a transparência do projeto para os stackeholders, para que todos saibam de seu andamento e das dificuldades encontradas.
Além disso, escrever histórias de usuário também é uma forma de comunicação, mesmo que escrita em vez de oral. A habilidade de escrever bem também faz parte da habilidade de se comunicar.
O PO é o ponto de contato do time de desenvolvimento, portanto não se admira que a habilidade de comunicação seja essencial.
Capacidade de aprendizado
Assim como em qualquer profissão, o aprendizado do PO deve ser constante.
O PO deve conhecer muito bem seu produto e o negócio a que está inserido, sem falar no próprio conhecimento de agilidade e da função de Product Owner.
Não existe momento em que se saiba tudo, sempre é possível e necessário aprender mais. O estudo é como uma escada que permite que se olhe por cima do muro, para então perceber que ainda há muitos outros muros. Mas não se decepcione, isto é muito melhor do que bater com a cara no muro.