Os 7 riscos de se usar a forma tradicional de motivação

O livro MOTIVAÇÃO 3.0 do Daniel H. Pink lista três tipos de motivações diferentes:

Motivação 1.0

É a motivação gerada pelos instintos naturais. Por exemplo, levantamos do sofá e vamos ao banheiro pois o nosso corpo pede.

Motivação 2.0

É a motivação extrínseca: a partir de punições e recompensas. Apesar de não recomendado pelas pesquisas científicas, é o método mais utilizado em escolas e empresas para melhorar o desempenho dos alunos e/ou funcionários. É a forma tradicional de motivação.

Motivação 3.0

É a motivação intrínseca. Aquela que emerge naturalmente dos seres humanos caso haja ambiente propício.

Pelo caráter repetitivo do trabalho na revolução industrial, a motivação 2.0 se tornou a forma tradicional de se motivar os colaboradores. Este modelo se mantém até hoje, mesmo com a mudança para trabalhos de caráter criativo. Porém, há grandes riscos de se usar as punições e recompensas como forma de motivação nos dias atuais. Os primeiros três são os que considero mais cruciais.

1. Extinção da motivação intrínseca (Efeito Sawyer)

Este é o nome dado ao fenômeno de transformar brincadeira em trabalho, com isso diminuindo a produtividade. Um exemplo icônico é o caso do Romário, que claramente amava jogar futebol, mas odiava treinar. O fato do treino ser uma obrigação, transformava a brincadeira em trabalho. Em algumas situações, oferecer dinheiro para a execução de uma tarefa pode causar o mesmo efeito. O que inicialmente era diversão, pode virar obrigação.

2. Minar o desempenho

Apesar de parecer contraditório, oferecer prêmios pode minar o desempenho. Em um experimento, foi oferecido prêmios em dinheiro para grupos de pessoas executarem com sucesso tarefas de coordenação motora, lógica e concentração. Por incrível que pareça, quanto maior o prêmio, menor foi o desempenho. A pressão externa pode gerar ansiedade que prejudica a resolução das tarefas complexas.

3. Sufocar a criatividade

Em outro experimento foi apresentado uma tarefa que exigia criatividade. Era um desafio que exigia “pensamento fora da caixa” para sua solução. Neste caso, o desempenho do grupo pago foi muito pior do que o do grupo gratuito. O prêmio ou qualquer motivação extrínseca tem o efeito de estreitar o pensamento. Para tarefas que necessitam “pensamento fora da caixa”, este efeito é devastador.  

O livro cita ainda mais 4 riscos, que vou passar rapidamente

4. Reduzir o bom comportamento

Para “boas ações” como doação de sangue, foi percebido que o oferecimento de dinheiro reduziu o número de doações. O dinheiro remove a sensação de altruísmo, principal motivo para a doação de sangue.

5. Incentivar comportamentos desonestos

Alguns tipos de motivação extrínseca, como metas impostas, podem incentivar o comportamento desonesto. Há o exemplo de uma oficina mecânica, onde foi constatado que os funcionários começaram a fazer consertos desnecessários, para bater a meta.

6. O prêmio pode virar um vício

Dê dinheiro para o seu filho tirar o lixo e garanta que ele nunca mais tirará o lixo de graça.

7. Pensamento de curto prazo

Em muitos casos a meta causa a miopia empresarial. Foco no curto prazo sem levar em conta efeitos devastadores a longo prazo.

Quando a motivação 2.0 funciona bem

Em alguns casos bem específicos, a motivação 2.0 pode trazer benefícios sem efeitos colaterais. Isto acontece quando a tarefa tem caráter completamente mecânico

A motivação 3.0 na maioria das situações traz melhores resultados, sem efeitos colaterais

Ela se baseia no princípio de que as pessoas agem por autonomia, excelência e propósito. Essa ideia parece estranha inicialmente, mas pense nos grandes feitos da história, eles foram feitos por motivação extrínseca ou intrínseca? Certamente na maioria dos casos foi intrínseca. Da mesma forma, nas empresas em que trabalhamos poderemos chegar a resultados extraordinários, se fomentarmos de forma mais científica a motivação.

Join the Conversation

  1. Avatar de Desconhecido

1 Comment

Deixe um comentário